75.

Para projeto final, foi proposto ao aluno que este elaborasse a vitrina de uma loja da cidade do Porto. Foram, então, cuidadosamente selecionadas dezoito lojas e atribuída uma, a cada um dos alunos, respetivamente. Neste exercício, o aluno deve estar preparado para ser confrontado com determinados obstáculos de maior intensidade e mais difícil resolução, pelo que estes surgem inevitavelmente ao longo de qualquer percurso. Torna-se, por essa razão, fundamental saber identificar o problema, analisá-lo convenientemente e propor uma solução viável, funcional e rentável.

Contudo, quando estas são previamente detetadas, rapidamente se transformam em detalhes belíssimos, se o aluno assim o permitir. Ainda que, estas ditas falhas/defeitos possam advir de diversos motivos, entre os quais, falta de prática, inaptidão, imperícia ou orientação insuficiente, o aluno deve encará-las de forma positiva e enérgica. Como tenho referido ao longo do ano, é na falha que se inscreve a possibilidade de uma melhoria, e é no seu reconhecimento e análise que se confirma uma solução satisfatória e duradoura.

In the context of the final project within the Master on Communication Design, it was offered to us the opportunity to take part of an exterior event. It challenges not only the sense of visual perception but, also, our adventurous side. Each student must prepare a showcase of a particular shop in the city of Oporto, in order to celebrate a year full of adventures and overcoming adversities. Eighteen shops were carefully selected and assigned to each student, respectively. In this exercise, we should be prepared to face certain obstacles, considering its nature of a higher intensity and, therefore, making it harder to solve them. It’ll be asked the student to prove himself self-sufficient and choose the best options. Since the selection of certain materials and their particular characteristics (weight, size, extent, density, malleability, length, strength, durability, color, shape, texture, hardness, etc.), it is necessary to be well-suitable. Nevertheless, I believe that we should not feel tempted to give up on any circumstances.

That is where our strength relies on, within our willpower to conquer our goals and in how much we want to achieve results. All kinds of barriers and interferences will inevitably arise throughout the creative process. Therefore, it’s essential to know how to identify the problem, analyze it properly and present one viable, pragmatic and profitable solution. We should be conscious and alert, concerning avoiding mistakes, which will inevitably appear. However, when they are first detected, errors can quickly turn into a beautiful detail, if we allow it. Although these socalled flaws/defects appear out of various reasons, among which is, lack of practice, disability, clumsiness, ineptitude or lack of proper guidance, the student mustn’t feel discouraged or frighten by it. He should endure and maintain a certain belief. Furthermore, the student should also learn to embrace, gracefully, any kind of loss. Honestly, the best part is when we recognize our ability to know how to do things and be
excited, enthusiastic and genuinely happy about it!

 

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73.

Vered Gersztenkorn

Her work exists carved out of imaginary space; of distance, observation and depth of experience layered upon the “what it is” of simply being, like a tattoo upon the skin of the soul drummed into being and can’t be drowned out.

 

“I consider ART as my home land or nationality, as well as my ‘religion’ “
There is a canvas crowded with comical creatures full of humor and lust, of vacant eyed-stares seeing outside and through the cloth; the paint covering the holes and gaps not covered by philosophy or art-world practice; a Boschian prelude to judgement and moral speculation as ambiguous and frustrating in its ruinous innocence that threatens to betray by simply being other than what it appears to be (how can judgement be innocent and who can say that that is what is being judged at all ?) as it is final: the paint, the gesture, the hand is permanent and the canvas is forever stained. A presumption about the value and accuracy of looking, of seeing but not perceiving, is central to the aesthetic of Gersztenkorn; it is part of her fun and dilemma, I think. Her canvas is full of the drama of dreams and is equally inconclusive in its non-linear depiction of mock horror, sly winks, slippery shadowy segues and transitions of half-drawn creatures full of secrets weighed equally across the board, the length of the canvas, the length of an interrupted dream that defies interpretation. She lets you in and leaves you flat; her work is an extension of self in a way that expresses a fullness of being sometimes awful and surprising to that very self; is beyond her control or direction and she neither wishes to direct or control it. There is not a meanness of spirit to her process; she is as surprised or stranded in this landscape as any viewer or fellow traveler, which may be the point. Phenomenology informs her work as does chance and a sort of unconscious bringing to the surface of dream imagery (perhaps) in luscious blinding colors or muted hushed tones ; her “abstract work” is deceptively simple both in tone and harmony of the shapes as well as the mutuality of the color: earth tones grounded in loose grids; seemingly haphazardly attached canvas-to-canvas fragments in the midst of language shards full of disjointed sentiment and off-putting grinning demons or farm animals drawn child-like yet ominous; standing just out of reach of reason and accountability. The non-figurative abstractions expand upon the emotional field and feeling of her figurative work, flattening, then condensing into a concentrate a germ of experience either joyous or understated. What resides in memory remains there permanently, covered, concealed and self-contained. That which is recalled at will is full of fault; memory is furtive forever and champions imperfection as its core, hiding more perfectly when it is purposely sought and reveals itself in dreams and a sort of trance-forgetting in a process indifferent to our perceived needs to corral and define experience. Vered leaves all factoring to chance.

 

 

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72.

MIRA SCHENDEL
1919 – 1988
 
 
“Arte é nostalgia de Deus, não precisa pintar aquilo que se vê,
nem aquilo que se sente, mas aquilo que vive em nós […].
Tanta dor me levou a um meio de expressão. Não sei se
minha pintura é grande, só sei que é arte.”
— Mira Schendel

 

“Esta será a primeira grande exposição em Portugal de Mira Schendel. Pouco conhecida no nosso país — onde expôs individualmente uma única vez em 1966, na Galeria Buchholz, em Lisboa —, Schendel conta-se entre os mais prolíficos e significativos artistas latino-americanos. Contemporânea de Lygia Clark e Helio Oiticica, com eles contribuiu para redefinir a linguagem do modernismo europeu no Brasil. 

Nascida em Zurique em 1919, Schendel viveu em Milão e Roma antes de emigrar para o Brasil em 1949. Em 1953, fixou-se em São Paulo, onde viveu e trabalhou até à sua morte, em 1988. A experiência precoce de deslocações culturais, geográficas e linguísticas e um profundo interesse pela história da religião e pela filosofia marcam todo o seu trabalho. Além de ajudar a criar no Brasil um círculo de intelectuais oriundos de áreas diversas do conhecimento (psicanálise, literatura, filosofia, teologia) – muitos, entre eles Vilém Flusser, judeus emigrados como ela –, Schendel manteve contacto com vários pensadores europeus, como Jean Gebser, Max Bense  e Umberto Eco.

A presente exposição, que reúne mais de 200 pinturas, esculturas e desenhos da artista, alguns apresentados pela primeira vez, constitui uma oportunidade inédita para avaliar a singularidade, a vastidão e a importância da obra e a variedade de temas e meios explorados pela artista. As primeiras pinturas (1955-65), muito raramente exibidas, ajudam a perceber o confronto, transversal a todo o seu notável percurso, entre impulsos figurativos e complexidades geométricas. A paradigmática série Droguinhas (1965-66) ? esculturas de papel de arroz originalmente expostas na Signals Gallery, em Londres, em 1966, ilustram de forma exemplar a tensão entre a fragilidade dos materiais e a força com que são transmutados em esculturas. Apresentados pela primeira vez na Bienal de Veneza de 1968, os Objetos Gráficos evidenciam a muito singular abordagem de temas relacionados com a linguagem e o significado. A seu lado estarão algumas das mais emblemáticas instalações (como Ondas Paradas de Probabilidade, de 1969, e Variantes, de 1977) e a última série de pinturas de Mira Schendel.

 

Comissariado: Tanya Barson (Curadora de Arte Internacional, Tate Modern) e Taisa Palhares  (Curadora, Pinacoteca do Estado de São Paulo)

 

Exposição organizada por Tate Modern e Pinacoteca do Estado de São Paulo em associação com a Fundação de Serralves — Museu de Arte Contemporânea, Porto”
 
 
 
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70.

4-10 MARÇO

Arte, “Documentalidade” e Interpretação

 
“Não existem factos, apenas interpretações”
Friedrich Nietzsche
 
 
 
“Nos anos 60, Susan Sontag expressava a sua revolta ao publicar “Contra a Interpretação”, um conjunto de ensaios que procurava contrariar o efeito aparentemente asfixiante que caracterizava o pluralismo interpretativo da obra de arte[1]. Reivindicava-se aí um regresso à experiência directa com a obra, diminuindo os efeitos nocivos de uma interpretação sistémica e infinita. Apesar de tudo, é hoje difícil aceitar que a interpretação possua um projecto de anulação dos valores intrínsecos da obra de arte. Da teoria cultural à análise literária e artística, o universo interpretativo representa com efeito um jogo dinâmico e estonteante que, mais do que empobrecer, confere ao objecto de arte um prolongamento de vida e significados que o mantém actuante perante o receptor. Por outro lado, a diversidade inerente ao paradigma interpretativo pós-moderno é, em parte, responsável pelo descrédito das verdades transcendentes e a ascensão dos efeitos imanentes[2]. Isto é, o particular passou a ganhar terreno perante as teorias gerais e as especificidades ocuparam aos poucos o lugar das generalidades abstractas. Os contextos e a sua observação passaram assim a influir de um modo decisivo em quase todos os domínios da acção humana contemporânea. Há mais de dez anos que Carla Filipe (Aveiro, 1973) produz arte como resultado de um envolvimento directo com o contexto da sua exibição. As exposições desta artista não assentam na apresentação de um conjunto de obras preconcebidas e depois adaptadas ao “white cube” da galeria, mas no exercício dialogante entre conceitos e práticas processuais que a conduzem a um determinado resultado. O sentido “site-specific” das suas propostas artísticas converte assim cada exposição num cenário aberto às circunstâncias e ao seu potencial crítico, acentuando, a partir de uma cuidada reconfiguração de carácter documental, um jogo de leitura política e social que transforma não apenas os objectos de arte ou os espaços da sua apresentação, como ainda a sua relação com a cultura e a geografia locais.
Desse modo, Carla Filipe realiza no Museu do Neo-Realismo “O Povo reunido, jamais será – representações gráficas” (2009-10), exposição onde se cruza o grafismo de cartazes reivindicativos, acentuando a sua transformação formal e identitária, com a atmosfera contestatária das colectividades locais de meados do século XX. Rasurando as palavras desses cartazes, a artista recorre sobretudo a cores e formas que se insinuam enquanto memória de um gesto de protesto cada vez mais frágil e inconsequente, disseminado hoje por outros meios de contacto informacional, como as “redes sociais”, os “blogs” e lógica de actuação promovida por uma internet cada vez mais omnipresente. Por outro lado, podemos ver como o mítico barco-varino vila-franquense “Liberdade” (o original), levou Carla Filipe a assumir uma posição de partilha e interpretação sobre os valores dessa memória, recorrendo a elementos documentais recentemente doados ao Museu. Entre a etnografia e os modelos gráficos de algumas palavras de ordem, Carla Filipe trabalha aqui um registo crítico que concilia eficazmente a arte e a “documentalidade” do real.
 
Na verdade, o uso do “documento” na prática artística contemporânea propagou-se extraordinariamente e de um modo paralelo “à expansão do âmbito da produção artística, que na última década passou a considerar os fenómenos políticos e sociais um campo de pesquisa privilegiado”. Porém, livre dos constrangimentos ideológicos que colocam a arte ao serviço de um mensagem política, Carla Filipe aprofunda uma prática artística de envolvimento vital entre o autor, a obra e o observador, aproximando-se desse modo da “estética relacional” defendida por Nicolas Bourriaud. Tal como nas palavras do crítico de arte e curador francês, a obra de arte apresenta-se de uma maneira geral, mas também em Carla Filipe, acrescentamos nós, “como um interstício social no interior do qual estas experiências, estas novas ‘possibilidades de vida’, se revelam possíveis: parece mais urgente inventar relações possíveis com os vizinhos no presente do que fazer cantar os amanhãs. Os contratos estéticos, como os contratos sociais, são tidos por aquilo que são: ninguém pretende instalar a idade de ouro sobre a Terra, e nós contentar-nos-emos como voluntários em criar os modus vivendi que permitam relações sociais mais justas, modos de vida mais densos, combinações de existência múltiplas e fecundas. Do mesmo modo, a arte não procura mais figurar utopias, mas construir espaços concretos”. O apurado sentido sobre o efeito parcelar de toda e qualquer proposta artística contemporânea, permite a Carla Filipe actuar numa dimensão auto-consciente acerca do alcance ou dos limites da sua acção.
 
Por outro lado, o observador-espectador não é aqui um ser passivo que deve ser instruído – ou activado – em direcção a uma “verdade” metafísica, mas alguém que constrói sempre a sua interpretação, a partir de pequenos dados construídos pelo artista em torno de uma “documentalidade” experimental, e só desse modo se torna activo ou, necessariamente, emancipado. O espectador é, nesta medida, um elemento a quem se exige uma interpretação, assegurando, contudo, que esta será sempre mais rica ou elaborada em função da experiência de cada um dos receptores da obra de arte. Recordemos a este propósito as palavras de Jacques Rancière, “[…] num teatro, exactamente como num museu, numa escola ou na rua, nada existe que não sejam indivíduos que traçam o seu próprio caminho pelo meio da floresta das coisas, dos actos e dos signos que lhes surgem pela frente ou que os rodeiam. O poder comum aos espectadores não tem a ver com a respectiva qualidade de membros de um corpo colectivo ou com qualquer forma específica de interactividade. É antes o poder que cada um ou cada uma tem de traduzir à sua maneira o que percebe, de ligar o que percebe à aventura intelectual singular que os torna semelhantes a todos os outros na medida em que essa aventura singular não se assemelha a nenhuma outra. Este poder comum da igualdade das inteligências liga os indivíduos entre si, fá-los proceder à troca das suas actividades intelectuais, ao mesmo tempo que os mantém separados uns dos outros, igualmente capazes de utilizar o poder de todos para traçar o seu caminho próprio. O que as nossas ‘performances’ comprovam – quer se trate de ensinar ou de representar, de falar, de escrever, de fazer arte ou de vê-la – não é a nossa participação num poder encarnado na comunidade. É, sim, a capacidade dos anónimos, a capacidade que faz com que cada um(a) seja igual a todos(as) os(as) outros(as). Essa capacidade exerce-se através de distâncias irredutíveis, exerce-se por intermédio de um jogo imprevisível de associações e dissociações”.
 
 
Este jogo intenso e incontornável é, afinal, promovido tendo em conta o processo transformador da comunicação. Ou seja, o envio e a recepção de uma mensagem resultam sempre, deste modo, na transfiguração da sua hipotética essência, ou “verdade” aparente, pois o trânsito da sua forma reconverterá, em qualquer dos casos, os sentidos e os significados a ela associados durante esse processo.
 
 
“É neste poder de associar e dissociar que reside a emancipação do espectador, ou seja, a emancipação de cada um de nós enquanto espectador. Ser espectador não é a condição passiva que devêssemos transformar em actividade. É a nossa situação normal. Aprendemos e ensinamos, agimos e conhecemos também enquanto espectadores que ligam constantemente o que vêem com aquilo que já viram e disseram, fizeram e sonharam. Não existe forma privilegiada, tanto quanto não existe ponto de partida privilegiado. Por todo o lado existem pontos de partida, cruzamentos, laços que nos permitem aprender algo de novo, se recusarmos, em primeiro lugar, a distância radical, em segundo lugar, a distribuição dos papéis e, em terceiro lugar, as fronteiras entre os territórios”.
 
É neste sentido que as instalações de Carla Filipe se apresentam no limbo da informalidade, sem privilégios de qualquer espécie, quer sejam artísticos ou sociais, aceitando e desenvolvendo inclusive a partilha de lugares e territórios que fundem a arte e a vida num sentido crítico, mas actuante apenas na medida da pluralidade assegurada pelas interpretações de cada um dos espectadores. Voltamos assim a Jacques Rancière, quando este nos assegura que “os artistas, como os investigadores, constroem a cena na qual a manifestação e o efeito das suas competências se expõem e se tornam incertos nos termos do novo idioma que traduz uma nova aventura intelectual. O efeito do idioma não pode ser antecipado. Exige dos espectadores que desempenhem o papel de intérpretes activos, que elaborem a sua própria tradução para se apropriarem da ‘história’ e dela fazerem a sua própria história”[8]. E é nesta medida apenas que “uma comunidade emancipada é uma comunidade de contadores e de tradutores”, mesmo quando os papéis se invertem, como aconteceu com Carla Filipe, quando dialogou com o doador dos objectos associados ao barco “Liberdade” e traduziu para si, para o seu trabalho, a história que contada sobre esses documentos que inspiraram uma leitura sobre a memória e o passado. Quando esses objectos-documentos passaram a integrar o projecto expositivo de Carla Filipe no Museu do Neo-Realismo, começaram a “falar” a história que a artista quis contar a cada um dos espectadores, deixando a estes o exercício da sua própria tradução. Ou seja, tal como nos lembra Rancière, somos todos (artistas e espectadores) contadores e tradutores de signos e simbologias que nos rodeiam e que nos ajudam a (re)construir os sentidos que nos põem em contacto com o mundo e com a vida. O estatuto pretensamente privilegiado do artista (emissor, detentor da verdade) é aqui posto em causa, a favor de uma espécie de legitimação da função tradutora do receptor que todos acabamos por ser, em dado momento. Desse modo, a utilização de uma “documentalidade” no trabalho de Carla Filipe, traduz uma vontade de, por um lado, exigir a todos um maior esforço no contacto directo com elementos sígnicos que nos transportam a histórias de teor político e social concreto, mas que dependerão sempre, em última instância, das histórias e das convicções que cada um de nós transporta invariavelmente, porque constituintes da nossa singularidade existencial. Por outro, o “documento” – seja uma bandeira ou um chapéu de marinheiro – implica sempre uma vontade de reapresentar o passado como efeito de metonímia, deambulando pelos resquícios de “verdade” que nele podemos encontrar, mesmo que essa “verdade” prefigure uma diversidade constante, de acordo com a experiência de cada um dos espectadores que com ele se cruze.
Na verdade, Carla Filipe procura com o seu trabalho assumir um particular sentido do político, a partir de uma reflexividade que conjuga a criatividade e a receptividade emancipada através dos caminhos abertos pela “veracidade” documental. Tal como aponta Hito Steyerl acerca do “documentalismo no campo da arte”, há hoje uma “corrente documental mais reflexiva que vê nos seus próprios dispositivos ferramentas epistemológicas socialmente poderosas. Nestas obras não existe qualquer intenção de representar a verdade autêntica do político, mas sim de desafiar e mudar a ‘política de verdade’ na qual a sua representação se baseia. As próprias formações epistemológicas e visuais do documentário são, pois, definidas como funções do político”.
 
É neste sentido que a dimensão política da obra de Carla Filipe se afirma com eficácia no panorama da arte contemporânea realizada em Portugal. O “documento” gera uma estratégia de “documentalidade” de onde emana uma nova “veracidade”, mediante a reconfiguração do seu próprio processo de apresentação e comunicação com os espectadores. Nessa medida, quando a artista expõe no atrium do Museu a bandeira do barco-varino “Liberdade” simplificando a seu aparato ao conjugá-la apenas com o chapéu de marinheiro do comandante dessa embarcação e ainda com os emblemas de clubes desportivos locais ao qual essa figura terá pertencido – está de algum modo a deixá-la “falar”, aceitando-a como documento primordial que nos remete para um passado, uma memória específica, neste caso, de teor político local e nacional, pois foi nessa embarcação, largada do cais de Vila Franca de Xira, que muitos opositores ao Estado Novo, ligados maioritariamente ao Partido Comunista Português (como Álvaro Cunhal, Alves Redol, Fernando Lopes-Graça, ou Bento de Jesus Caraça, entre muitos outros), realizaram alguns “passeios culturais” ao longo do rio Tejo, onde se reuniam e confraternizavam, partilhando aí, na liberdade das águas do Tejo, experiências de acção política clandestina, num tempo em que a liberdade de expressão em Portugal se reduzia ao apoio explicito à “situação” perpetuada pelo regime vigente. Por isso, convocar essa bandeira, revelando as marcas da sua antiguidade, significa recuperar um documento real no intuito de que ele “fale” por si próprio, como testemunho presencial de um tempo passado, ao projectar de imediato imagens de uma acção e de uma memória que tiveram consequências de carácter político e social junto do movimento oposicionista de meados do século XX. Enquanto objecto que desencadeia uma narrativa associada à memória de um tempo politizado pelas circunstâncias de oposição a um regime ditatorial e opressor, essa bandeira realiza a sua função como documento e rememoração, perdida que está há muito a sua função original de sinalização marítima e identificação no espaço de navegação. A “documentalidade” que deste modo instaura um novo e particular jogo de interpretação, permite-nos associar ao trabalho de Carla Filipe uma centelha de “verdade”, ainda assim instável e que nos mantém vigilantes perante a hipótese de uma “verdade” maior, pois é na própria precariedade material e na simplificação dos processos expositivos que a artista nos torna a todos mais conscientes de que tudo não passa de um exercício de interpretação e conflito entre sujeitos, valores, temporalidades e, por fim, de significados.”
 
 
 
 
Artigo por, David Santos
O Povo Reunido Jamais Será; Representações Gráficas
Museu do Neo-Realismo
 
 
 
 
 
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69.

AS TRÊS REGRAS DA IDIOSSINCRASIA, Carla Filipe

 

s.f. Maneira de ver, sentir, reagir peculiar a cada pessoa.
É uma disposição do temperamento, da sensibilidade que faz com que um indivíduo sinta, de modo especial e muito seu, a influência de diversos agentes.

Definição de Idiossincrasia

Classe gramatical: substantivo feminino
Separação das sílabas: i-di-os-sin-cra-si-a
Plural: idiossincrasias

“Se existe um elemento, uma marca ou uma característica suficientemente abrangente que permita delimitar, ou pelo menos encetar um entendimento mais vasto e articulado do trabalho de Carla Filipe, terá que ser, sem dúvida, uma certa noção de idiossincrasia. No entanto, problematizar uma prática artística tão complexa, rica e multifacetada a partir de uma noção aparentemente tão simples pode apresentar-se como um exercício redutor, algures entre uma simplificação abusadora ou um mero acto de ilustração do conceito. Assim, mais do que vincular (conformar) o trabalho de Filipe a uma dimensão meramente idiossincrática, pretendemos realizar o exercício inverso, isto é, a partir do seu corpo de trabalho, e de Arquivo Surdo-Mudo, o projecto que agora se apresenta, tentar esboçar um conjunto de elementos que possam constituir (e delimitar) um modo de operar fundamentalmente idiossincrático. Dito de outro modo, acreditamos que não só é possível como relevante definir, a partir da obra de Filipe, um conjunto de “regras” que  enformam a idiossincrasia enquanto categoria apta a problematizar a prática artística contemporânea.
 
 
O Primado da Autobiografia
 

O trabalho de Carla Filipe tende a convocar um universo simultaneamente específico e único. Esse universo parte sempre de elementos autobiográficos ou de vivências diárias, recolhidas de uma forma diarística, e que operam como o local psicológico, o ponto de vista, a partir do qual a artista entende e se relaciona com o mundo que a rodeia. Tal postura é mais intuitiva que racional, mais especulativa que sistematizadora e, nas palavras da própria artista, porque é de autobiografia que se trata, “é impossível (…) sintetizar todo o meu processo a conceitos contemporâneos”. Assim, esta impossibilidade (ou irrelevância) declarada de conformar um corpo de trabalho, e o processo que está na sua origem, a uma estrutura sistemática e articulada de pensamento configura a centralidade e a irredutibilidade da subjectividade biográfica que se encontram no cerne do projecto de Filipe. Não será, portanto, de estranhar que na génese de Arquivo Surdo-Mudo esteja o universo fantasmagórico e sedutor da experiência do Comunismo em Portugal durante a sua infância nos anos oitenta. Se, por um lado, o Comunismo era percebido pela jovem Carla Filipe como algo extremamente assustador, o resultado de expressões populares negativas (a mais conhecida sendo “os comunistas comem crianças ao pequeno-almoço”), a ameaça de uma Guerra Civil semelhante à espanhola e a tentativa da sua família negar, perante a comunidade, a militância de um tio, por outro era também terrivelmente apelativo, já que amigas suas, filhas de ex-combatentes do Ultramar, lhe transmitiam uma visão do Comunismo alegre e feliz, com a promessa de uma vida moderna e colectiva na qual a Festa do Avante simbolizava o momento de celebração desse novo estilo de vida. É, então, a partir da sua própria percepção do que era o “Leste”, antes da queda do Muro de Berlim, que Filipe parte para o projecto que expõe em Praga, subjectivando e descentrando geograficamente uma versão muito particular (e sua) do que se tornou conhecido como pós-socialismo.

 
Parece-nos, portanto, que a centralidade da autobiografia, enquanto motor de uma visão subjectiva do mundo, que vislumbramos em Arquivo Surdo-Mudo, parece configurar um primeiro elemento delineador do nosso conceito de idiossincrasia.
 
 
A Relevância do Contexto
 

Ainda que a pulsão subjectivante, associada ao ímpeto autobiográfico, habite o cerne do seu trabalho, a artista não padece de nenhuma forma de autismo autoral, reminiscente de um ideal romântico de auto-exclusão. Surpreendentemente, a autobiografia torna-se tanto mais relevante quanto maior é a sua articulação com o colectivo, articulando-se com movimentos sociais ou categorias de apreensão do mundo mais abrangentes como história, política ou economia. Existe assim em Filipe, para além das referências à sua própria biografia, um olhar atento, curioso e porventura crítico sobre o contexto em que se insere. Esse olhar consubstancia-se num modus operandi específico, onde o trabalho de campo ganha uma preponderância marcante e a noção de processo atravessa toda a sua obra. Reunindo sempre referências sobre o tema ou o contexto em que escolhe trabalhar, os projectos que desenvolve relacionam-se sempre directamente com o contexto em que são expostos e com o público que a eles acede. Assim, em Praga, e partindo da experiência de juventude descrita anteriormente, marcada por uma alteridade não só ideológica, como também geográfica, estabelece um ponto de contacto entre os episódios da história recente da República Checa e de Portugal, operando nessa tradução um nivelamento das expectativas do visitante, que perde a capacidade de distinguir e identificar a origem das referências que lhe são apresentadas. Grandes bandeiras alusivas às lutas políticas do passado são apresentadas, mas o seu conteúdo, as mensagens que transmitem, são apagadas, mantendo-se apenas os seus aspectos formais. Nesta remoção do que é particular (específico), o texto e a língua, o leste comunista e o extremo ocidente apresentam-se como intercambiáveis. O contexto continua também a desempenhar um papel central no livro de artista que Filipe apresenta em Arquivo Surdo-Mudo. Um jornal de grandes dimensões, exemplar único, escrito-desenhado a esferográfica sobre papel utilizado pela churrasqueira América, no Porto, para embrulhar frango assado, apresenta traduções para checo de autores portugueses como José Gil, Eduardo Lourenço, Padre António Vieira, Fernão Mendes Pinto, e também da artista e transporta, desta forma, um conjunto de narrativas sobre o local da sua origem para o da exposição. Tradução e transporte são assim as ferramentas escolhidas por Filipe para trabalhar sobre a relação entre o contexto de origem e o contexto da exposição, entre original e traduzido (ou copiado), assumindo desde o início o carácter sempre contingencial e potencialmente disruptor que as suas acções podem tomar.

 
A forma como o contexto é interiorizado e utilizado pela artista, não apenas como ponto de partida, mas também como processo de trabalho e eventualmente ponto de chegada, parece sugerir a sua centralidade enquanto elemento definidor de uma prática artística dita idiossincrática.
 
 
A Pulsão do Arquivo
 
Vimos que o primado da autobiografia e a relevância do contexto se apresentam como elementos centrais no entendimento do trabalho de Carla Filipe e acreditamos que possam ser definidos como aspectos constitutivos do conceito de idiossincrasia, entendida neste contexto, como uma ferramenta ou categoria que nos permite desenvolver uma reflexão sobre a prática artística contemporânea. Sendo aqueles dois elementos interdependentes, na medida em que é a partir da  autobiografia que a artista pensa o contexto que a envolve, mas simultaneamente, é o contexto que lhe devolve as experiências que vão solidificar a sua história de vida, um terceiro aspecto, de carácter mais transversal, age não só como síntese mas também, e sobretudo, como materialização dos dois anteriores.
A pulsão do arquivo manifesta-se então como o resultado visível da interacção entre autobiografia e contexto e é partir deste ponto que a artista desenvolve o seu trabalho. O arquivo, assim definido, é entendido de uma forma distinta do que tem vindo a ser prática comum na última década e que foi já apelidado de impulso ou febre arquivista e onde o artista assume, de alguma forma, o papel de um historiador ou, mais especificamente, de um historiógrafo. O arquivo, para Carla Filipe, encontra-se em permanente construção e testemunha o seu interesse pela lógica do documento, do testemunho, não apenas através de jornais, mas por toda uma panóplia de material impresso, bem como outros objectos que ajam enquanto repositórios do que é, e que foi, notícia. De toda a informação que recolhe, uma parte fica para o seu arquivo pessoal e outra é utilizada no trabalho que origina a recolha. A lógica do inventário, desta forma constituída, permite a Filipe a manutenção de uma gramática de interesses, dos seus interesses, a que recorre sempre que necessário e a partir do qual consegue estabelecer episódios narrativos, sejam a história dos caminhos-de-ferro no Reino Unido ou os fenómenos do Entroncamento, por exemplo. Em Arquivo Surdo-Mudo, adjectivação que não será de todo ingénua, o arquivo age mais uma vez como materialização do complexo jogo de forças entre o individual e o colectivo. Assim, uma colecção de imagens, seleccionada do arquivo pessoal que a artista tem vindo a acumular ao longo dos anos, é apresentada em diversos conjuntos. As imagens, que funcionam como ponto de entrada para um imaginário despoletado pela ideia do Comunismo, e incluem postais antigos, recortes de livros, propaganda, autocolantes, entre outros, sinalizam a tentativa, por parte de Filipe, de compreensão tanto dos acontecimentos geopolíticos que estiveram na génese da queda do bloco de leste, como da disjunção perceptiva relativa a esses mesmos eventos, por ambos os lados da cortina ideológica. A pulsão arquivista actua então como uma forma pessoal e subjectiva não só de se relacionar, como de estruturar o mundo à sua volta. É o arquivo, portanto, que permite articular a sua visão do mundo com a visão que o mundo dela tem e assim criar um corpo de trabalho em que o pessoal é o colectivo que é o pessoal também, numa circularidade ontológica que trespassa e subverte, de algum modo, a hierarquia entre subjectividade e objectividade, especulação e sistematização, indivíduo e comunidade.
 
A pulsão arquivista é o último elemento, ou regra, que extraímos a partir do trabalho de Carla Filipe, assim delimitando uma tríade especulativa que tenta apreender o conceito de idiossincrasia, que acreditamos constituir um ponto relevante na discussão dos pressupostos que enformam a prática artística contemporânea. Ainda que dissemelhante dos outros dois, porque transversal, a estrutura e modo de funcionamento do arquivo permite ligar e tornar visível a mútua dependência que biografia e contexto exercem entre si, abrindo assim o campo de possibilidades virtualmente inesgotáveis da idiossincrasia.”
 

Artigo por, João Mourão e Luis Silva

68.

23 SET – 16 DEZ 2006
Busca Pólos, Solos e Colectividades

 

O trabalho de campo, prática emprestada pelas bases da Antropologia clássica, constitui, no presente, uma forte possibilidade metodológica de criação estética, ao fundar-se em duas direcções contíguas: a experiência de terreno e a construção colectiva.

— João Sousa Cardoso, em “Antropologia e estética: uma alternativa do trabalho de campo”, Olímpico, nº 0.

“A exposição que está de momento patente no Centro Cultural Vila Flor, “Busca Pólos” um projecto do Salão Olímpico, ao contrário do que se tem vindo a verificar em alguma comunicação de imprensa, não pretende ser uma “exposição retrospectiva dos últimos anos” da actividade de uma “galeria” sediada no Porto. O Salão Olímpico, que desde Novembro de 2005 deu por encerrado a sua actividade, esteve sempre longe do modus operandi artístico tradicional e institucional. O Café Olímpico da Rua Miguel Bombarda na cidade do Porto disponibilizou uma área da sala de jogos situada na cave que durante dois anos foi dinamizada por Carla Filipe, Eduardo de Matos, Isabel Ribeiro, Renato Ferrão e Rui Ribeiro, todos artistas da Faculdade de Belas Artes do Porto com a excepção deste último, um entusiasta formado em economia que procura reflectir, juntamente com todos os outros que consolidaram o projecto, o estado da arte em Portugal. O terreno circunscrito pelo Salão Olímpico, por estas e por outras características, é a continuidade do tracejar de uma estratégia artística paralela e autónoma que diverge do actual sistema das artes. A solicitação é de facto de outra ordem, um espaço já ocupado e habitado com regras que antecedem o projecto, foi contaminado por propostas artísticas de periodicidade mensal. Uma invasão consentida que no final teve repercussões indesejadas, sendo a vandalização de um trabalho o culminar de uma tensão que ditou o seu fim.

“Busca Pólos” aparece como a primeira exposição pós-encerramento, a convite de Ivo Martins, dividida entre o Centro Cultural Vila Flor em Guimarães, patente até 16 de Dezembro, e o Pavilhão de Portugal em Coimbra que inaugurará a 21 de Outubro. Ao contrário do que se poderá ter previsto, a exposição concentra-se em problematizar a possibilidade de transferência, sublinhando as palavras de Eduardo de Matos, “não se pretende contudo criar nem uma ruptura com o passado, nem sedimentar uma continuidade, mas antes, criar uma possibilidade de pensamento e acção sobre uma situação presente”. Centralizada no trabalho individual de artistas, ou grupo de artistas, que se manifestaram no Salão Olímpico, “Busca Pólos” procura reunir posições num campo comum de discussão. Constatar uma energia que flui e que se pretende desprendida de um espaço e de um tempo específico, a vontade de sondar sem que se proporcione uma medida. Apesar do molde da exposição ter uma aparência mais institucional, adquirida também pela colaboração com a Fundação Serralves, não elimina o trabalho de campo concretizado e alcançado, de que nos fala João Sousa Cardoso, na medida em que o projecto Salão Olímpico quis agregar diferenças que se desenvolvem em acções distintas, pontos de contacto de uma construção colectiva — detectar a tal energia. Por tudo isto, a exposição terá, antes de mais, de se legitimar a si própria. Tendo em consideração a acção e os posicionamentos inerentes às propostas individuais apresentadas, porque estas são cúmplices desde o início, assim como os pressupostos do projecto, “espera-se que o resultado seja correspondente à captação de uma intensidade e que as obras sejam de qualquer modo um sinal disso mesmo. Um resultado e não um fim”, transcrevendo uma frase do texto visual de Carla Filipe.

A transferência para outra plataforma, para outro molde de apresentação e discussão, criou desafios aos artistas que aceitaram participar — a maior parte destes tem oscilado as suas intervenções entre os espaços geridos por si e as galerias mais atentas aos seus percursos. Se por um lado uns reflectem a intensidade e as afecções presentes, noutros a concretização fica aquém do entusiasmo sincero que qualquer ocasião séria despoleta. Pela expectativa criada, pelas condições que o centro cultural impôs à montagem, ou por desadequação de alguns trabalhos a este novo contexto, existem situações dispersas pela exposição que perdem pela falta de afirmação. Não se quer repartir os artistas em duas linhas distintas, os que cumprem e os que não cumprem, pois cada caso exige uma análise individual. Nem se sente a necessidade de nomeação, tomar partido de uns por outros, se se considerar que o projecto é um e está próximo do ensaio dessa transferência. Uma experiência de ensaio que se deseja, de facto, mais conseguido por todos na segunda etapa. De uma comunhão com tal intensidade exige-se um resultado de uma cultura-em-acção, aquela de que nos fala Artaud, que se processa continuamente dentro de cada um de nós como um novo órgão, uma espécie de segundo hálito.

A transferência, por outro lado, vem abrir o campo de acção do projecto e consolidar uma situação anteriormente impossível, a concomitância num mesmo espaço de intervenção de diversos manifestos e discursos artísticos: a performance, o cinema, as artes plásticas, o vídeo, o teatro e feira de fanzines. No decorrer da exposição vai ser editado um livro, com lançamento agendado para o dia 25 de Novembro no “Busca Pólos” de Guimarães. Coordenado por Manuel Santos Maia, reúne textos e documentação que acompanharam o processo do Salão Olímpico, e acrescenta trabalhos inéditos. Um objecto de importância relevante que vai deixar em registo os bons e os maus momentos de um trabalho transdutor da energia que se repercute na constante necessidade de catalisar o meio desajustado.

— Artigo por Aida Castro, em ‘Arte Capital’

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Kunstverein Milano
Frigoriferi Milanese
Milano, Italy 2012
in Atelier Arara
Fotografia por Andrea Rossetti

67.

/ SERRALVES

Simpósio de Exposições Colectivas:Uma Reflexão Crítica
Comissariado por Óscar Faria, com a curadoria de Lígia Afonso.

Contextualização histórica, política, social, cultural e, ainda, ecológica;
Portugal, 1990;

Exposição enquanto universo representativo e identificativo de uma intenção institucional e de uma intervenção sócio-cultural significativos, bem como uma alusão e impulso de uma atitude provocativa (quase impertinente), pelo que cativa e inquieta os sentidos e percepção, pelo que nos faz questionar a nossa vulnerabilidade corporal e emocional, assim como as convenções desta dimensão de sobreposição artística e curatorial. Numa perspectiva simbiótica, a exposição nasce ainda no sentido de propor não só um bem maioritário, e em virtude de uma expansão prioritária das obras de arte, como dos próprios autores enquanto peões emergentes.

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